Nas últimas semanas muitas críticas foram feitas aos salários na Canadian Premier League, vários jogadores viviam em péssimas condições e com salários quase insignificantes. A liga respondeu anunciando um salário mínimo para os jogadores e staff.
Jogadores aposentando com 25 anos para virarem podadores de árvores ou barmen, jogadores dividindo uma casa apertada com mais seis colegas de equipe e comendo macarrão instantâneo todos os dias. Era difícil até acreditar que isso acontece na Canadian Premier League, onde salários de alguns jogadores eram a metade do salário mínimo das suas províncias. Mas, a liga ouviu as críticas que foram feitas em massa nas últimas semanas e anunciou o valor exato do teto salarial, prometeu aumentar esse teto anualmente e anunciou a criação de um salário mínimo.
O teto salarial para os jogadores em 2021 será de 850 mil dólares canadenses, mas isso além dos salários conta também aluguéis, gastos com viagens e bônus para os jogadores estipulados no contrato, como bônus por partida ou por gol marcado. O que faz os times terem que se desdobrar para ficar com 600 mil dólares para os salários. Então vários jogadores acabam morando juntos na mesma casa ou apartamento e alguns clubes levam vantagem.
Pegando como base os números divulgados pelo Numbeo, o custo médio de um aluguel de um apartamento de três quartos em Toronto é de C$ 3.451,15 e em Winnipeg é de C$ 1.576,03. Com isso o Valour tem uma grande vantagem sobre o York United. O que explica o motivo do York ter que contratar vários jogadores locais, já que como eles moram na cidade, o clube não precisa gastar com aluguéis para eles.
Para evitar os salários baixos que vinham tendo nos últimos anos a liga anunciou para 2021 um salário mínimo de C$ 2.200,00 por mês, o que é um avanço, já que boa parte dos jogadores ganhavam menos que isso ano passado. Mas, esse salário não vai valer para os jogadores com contratos U-Sports/CPL, aqueles que ainda não se formaram na Universidade e querem continuar estudando e mesmo assim jogando profissionalmente após serem draftados para a liga, esses continuarão recebendo C$ 10.000,00 enquanto durar o contrato, que geralmente é de 6 meses nesse caso.
Outro problema é que durante a off-season a maioria fica sem contrato, já que eles duram até o dia da final da CPL. Alguns jogadores tinham que morar com os pais e arrumar um emprego temporário de barman ou outra coisa para sobreviver.
David Clanachan, o comissário da Canadian Premier League, se prontificou em tentar ajustar aos poucos todos esses problemas, começando pelo salário mínimo. O objetivo dele é transformar a CPL na terceira principal liga da Concacaf.
"Não estamos nem perto disso agora, mas você precisa ter metas elevadas, não podemos nos atrair para a lua imediatamente. Temos que ter cuidado e um propósito na forma como avançamos. Foi ensinado há muito tempo que para ser bom nos negócios, tem que permanecer no mercado." disse o comissário em uma entrevista para a Yahoo.
A liga se comprometeu em continuar aumentando o teto salarial, que ano passado era de 750 mil doláres canadenses. Os times gastam cerca de 57% do seu orçamento com os salários dos jogadores e a ideia é ter torcida nos estádios esse ano, o que ajudaria em entrar mais dinheiro para os clubes que gastam C$ 4 milhões por ano com todas suas despesas.
O novo salário mínimo vai ajudar bastante os jovens jogadores, que terão mais segurança para viver, mas ainda é pouco. Pense comigo, um jogador de 22 anos se forma em economia na University of British Columbia, uma das melhores universidades do mundo e é draftado para jogar na Canadian Premier League ganhando C$ 2.200 por mês. Qual a lógica dele segurar mais de três anos nessa carreira se um economista formado em uma universidade renomada como a dele consegue ganhar até C$ 10 mil por mês em Vancouver?
A liga deu um passo importante, mas precisa melhorar mais se quiser fazer com que jogadores como Gasparotto, Carreiro e Khabra não se aposentem precocemente. Pelo menos isso mostra que a liga ouviu as críticas e está pronta para mudar o que for necessário.
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